CONFEDERAÇÃO DO DESPORTO DE PORTUGAL

A FPAS apresentou uma solução de ventilação não invasiva para tentar minimizar um possivel impacto de um cenário de rutura da resposta do SNS. Para explicar melhor como esta solução funciona Ricardo José, presidente da FPAS, deu uma entrevista à CDP.

CDP - No âmbito da pandemia coronavírus, a Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas (FPAS) apresentou uma solução de ventilação não invasiva. Que solução é esta?
FPAS - Com o objetivo de contribuir com uma solução tendo em conta um possível cenário de rutura da resposta do Sistema Nacional de Saúde como tem sido veiculado pela comunicação social sobretudo em países europeus como Itália e Espanha, a Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas prontificou-se a estudar uma solução de ventilação assistida não invasiva, utilizando um número significativo de garrafas de mergulho, normalmente utilizadas na prática do mergulho recreativo e técnico. Devido ao estado emergência que obriga ao cancelamento ou adiamento das atividades subaquáticas, estes meios utilizados nestas ações estão agora disponíveis para ajudar numa solução que pode ser diferenciadora para as pessoas infetadas pelo Coronavírus. Após um primeiro levantamento do universo da indústria ligada às atividades subaquáticas, estimamos que existam 5 mil garrafas de mergulho em território nacional, estando neste momento a Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas a fazer o levantamento exato dessa disponibilidade. (http://www.fpas.pt/noticia/829-Banco-de-Garrafas-COVID-19)

CDP - Quem poderá beneficiar desta solução de ventilação não invasiva?
FPAS - Num cenário de rutura da resposta do Sistema Nacional de Saúde onde seja necessário um reforço no âmbito da ventilação não invasiva, e numa situação em que os meios tradicionais de ventilação não consigam dar uma resposta às necessidades, a solução apresentada pela FPAS pretende responder a situações de ventilação respiratória de pré-emergência ou de recobro, tornando-se uma opção viável, sobretudo para ser utilizada nos hospitais de campanha que estão a ser instalados em quase todas as regiões do país ou em outras unidades de saúde previamente definidas.

CDP - Contaram com o apoio de entidades. Quais?
FPAS - Esta iniciativa procura envolver toda a comunidade do sector das atividades subaquáticas, e espera contar com o apoio de cerca de 100 associados, entre clubes e outras associações, bem como a totalidade das empresas de atividades marítimo-turísticas e empresas de mergulho profissional.
Importa referir que a FPAS teve a preocupação de estabelecer contactos com o Instituto Português do Desporto e Juventude e com a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, e na sequência desses contactos, a FPAS fez a inscrição desta solução no portal da Direção Geral da Saúde, estando a aguardar uma resposta.

CDP - Como está a ser implementado este projeto?
FPAS - A FPAS identificou 4 linhas de ação com a utilização de equipamentos de mergulho recreativo e técnico: a primeira solução relacionada com máscara facial de snorkelling adaptada para utilização de Equipamento Proteção Individual e a segunda solução relacionada com máscara facial de snorkelling como terminal de sistema de ventilação não invasivo - ambas já aprovadas pela classe médica e a serem utilizadas em alguns países como Espanha e Itália. A terceira solução a disponibilização de um volume de vasilhame que poderá ser utilizado pelo SNS como reforço de stock de garrafas de O2 ou de ar enriquecido com O2 até 40% e por último, a quarta é um sistema de ventilação autónomo composto por: garrafa de mergulho, sistema de redução de pressão, caudalimetro e máscara facial de snorkelling adaptada. De referir que estas, terceira e quarta, soluções estão em fase de desenvolvimento/produção de protótipo para ser validado pela classe médica.

CDP - A pandemia coronavírus obrigou ao cancelamento/adiamento de atividades subaquáticas, nesse sentido, que medidas estão a ser implementadas pela FPAS para ultrapassar a situação?
FPAS - A FPAS mantém-se cooperante com todas as recomendações previstas no plano de contingência face ao COVID-19, por isso, decidimos proceder ao cancelamento/adiamento de todas as atividades subaquáticas, salvaguardando o isolamento social que deve ser respeitado por todos. A FPAS considera ainda que deve cumprir o seu papel enquanto Instituição de Utilidade Pública Desportiva, e oferecer a total disponibilidade e conhecimento, para apoiar o processo de afetação dos equipamentos de ventilação respiratória tradicionais, contribuindo para a recuperação de pessoas infetadas.

CDP - Que mensagem gostaria de deixar neste contexto de isolamento social?
FAPS - A FPAS gostaria de deixar, neste contexto de isolamento social, uma mensagem de esperança para toda a comunidade de atividades subaquáticas e sociedade em geral, acreditando que, em breve, será possível retomar a normalidade. O isolamento social obrigou ao cancelamento/adiamento de múltiplas iniciativas desportivas, no entanto, em momentos como o estamos a viver, o Desporto consegue mostrar que tem um papel muito mais abrangente conseguindo apresentar soluções que vão ao encontro das necessidades da sociedade.
Queremos por isso congratular todo o movimento desportivo através das federações, associações, clubes, dirigentes, treinadores árbitros, juízes e praticantes nas inúmeras manifestações e contributos que têm sido desenvolvidos a nível nacional.

A Federação Portuguesa das Actividades Subaquáticas:
- Instituição de utilidade pública desportiva
- Tutela das atividades subaquáticas em Portugal
- Em 2017 tinha 1531 federados (in. Idesporto.pt)
- Ricardo José é oa atual presidente da direção 





















Fonte: CDP, 15/04/2020