Portugal voltou a demonstrar que pertence à elite europeia, terminando no oitavo lugar da Primeira Divisão do Campeonato da Europa de Equipas, que decorreu em Madrid. E, conseguiu mais um triunfo, por Isaac Nader, e mais um recorde de Portugal, por Lorene Bazolo, nos 200 metros!
A meio da última jornada já Portugal estava classificado no oitavo lugar e mesmo apesar de alguns “sustos”, os restantes atletas conseguiram somar os pontos necessários para que a desclassificação estafeta não causasse maior prejuízo aos portugueses. No final, Portugal somou 300 pontos certos, deixando para trás as formações da Suécia (288,5), Suíça (286), Chéquia (283), Grécia (253) e Hungria (244,5). Descem de divisão as formações da Ucrânia, Finlândia e Lituânia. Ao invés, sobem à primeira divisão, a Bélgica, a Eslovénia e a Noruega.
Nesta primeira divisão, o triunfo, pela segunda edição consecutiva, foi para Itália, que somou 431,5 pontos, mais 26 pontos que a Polónia (405,5), com a Alemanha a fechar o pódio com 397 pontos. Países Baixos (384,5), Grã-Bretanha (381), Espanha (378) e França (354,5). Foram estes os países que ficaram à frente de Portugal.
Issac Nader triunfa nos 1500 metros
Isaac Nader deu espetáculo em Madrid. Numa prova muito tática, o português, em excelente forma, esperou pelos melhores momentos para atacar. “Dei a primeira fogachada aos 300 metros, o holandês manteve-se, dei o segundo aos 200, ele continuou a dar luta, mas dentro de mim ainda tinha uma terceira velocidade e ataquei na reta final para não o deixar reagir mais. No final, consegui dar-lhe alguns metros e procurei puxar pelo público, porque é importante dar espetáculo para que as pessoas se sintam felizes e voltem”, afirmou o recordista nacional que cortou a meta em primeiro lugar, a olhar para o lado, de braços abertos, com a marca de 3m39s08”. Nestas provas coletivas “o importante é dar o máximo de pontos a Portugal e foi o que eu tentei fazer. O trabalho que temos feito dá-me esta possibilidade de responder bem a estes ritmos”, afirmou no final da competição.
Perto do “pódio” ficou Leandro Ramos com a marca de 78,12 metros. “É verdade que queria chegar aos 80 metros, mas no quinto e no sexto ensaio comecei a sentir umas dores nos gémeos e não consegui fazer melhor, ainda assim estou satisfeito porque terminei no quarto lugar dando os pontos necessários para a equipa”, disse no final da corrida.
Também em bom plano esteve Delvis Santos nos 200 metros, correndo na série B, cortando a meta em segundo lugar, com a marca 20,52 segundos, um recorde pessoal, terminando em quinto lugar no geral. “Terminei esta maratona com um recorde pessoal, ainda que por pouco, mas como resultado do trabalho que estamos a fazer para os 200 metros. Fazer três corridas em três dias é algo a que não estamos habituados em Portugal, mas que deveríamos seguir este exemplo de ter mais rondas de 200 metros”, afirmou, contente “por ter conseguido e ajudado a amealhar muitos pontos para Portugal”, concluiu o atleta.
No lançamento do peso, Tsanko Arnaudov lançou a 19,54 metros e, apesar do seu sexto lugar, não saiu muito satisfeito. “não tenho nada para dizer. Foi o possível, com este calor”, afirmou, ainda assim.
Ruben Amaral não foi feliz nos 5000 metros, terminando com alguma dificuldade em 14º lugar, com a marca de 14m19s10”. “Senti muito o calor. Depois de ter vindo a conseguir bons recordes pessoais esperava estar melhor nesta corrida, que parecia ser acessível para mim. Mas comecei a sentir muito o calor e a língua dormente e quando eles mudaram de ritmo a primeira vez, não consegui reagir”, afirmou desapontado.
Salomé Afonso e Agate de Sousa no ‘pódio’
Salomé Afonso tinha afirmado lutar pelo primeiro lugar na prova de 1500 metros e foi assim que entrou na corrida. Que, apesar de tática foi bem difícil, com Salomé a ficar no segundo lugar, com a marca de 4m09s01s, atrás da francesa Agathe Guillemot. A brincar, no final, a portuguesa ‘aceitou’, que parece que “a francesa não gosta de mim, e começo a não gostar dela! Na verdade, ela é uma excelente atleta e eu senti isso em algumas provas, mas sinto-me cada vez mais com capacidade para lutar com elas. Dei o máximo para dar a pontuação máxima a Portugal e pelo menos consegui ser segunda, com os 15 pontos”, concluiu a atleta.
Excelente, também no “pódio”, Agate Sousa terminou em terceiro lugar, com a marca de 6,84 metros (+1.2), a sua melhor marca da época e uma excelente prestação para Portugal. “Completamente feliz, porque consegui a melhor marca da época. Queria mesmo era vencer esta prova, mas não foi assim que aconteceu, mas gostaria de referir que estes 6,84 metros são uma vitória. Há um ano e meio fiz uma artroscopia, pensava-se que tinha uma rotura, mas não. Só que, na verdade, continuo com dores no joelho desde então. Limita-me o treino e não me deixa conseguir o que acho ser capaz. Mas estou feliz porque nesta prova nós damos tudo apra conseguir o máximo de pontos para Portugal e isso é o mais importante”, referiu a atleta.
Que prova de Lorene Bazolo nos 200 metros, terminando em quinto lugar na série principal, com a marca de 22,61 segundos, um novo recorde de Portugal., melhorando o anterior (22,64 s), que já lhe pertencia desde 2021. “Nem tenho palavras! Estou muito contente com o resultado alcançado. Dei tudo o que tinha. Pedi muito a Deus para me ajudar. Tenho sentido muitas dores na coxa e estive quase para não correr, mas também pensei que tinha de dar tudo na pista e foi o que sucedeu”, afirmou, visivelmente emocionada, por terminar “esta maratona com um recorde de Portugal nestes 200 metros. Não podia pedir mais”, concluiu.
Que corrida ingrata para Laura Taborda. A portuguesa, encaixada no meio do pelotão, viu-se praticamente tapada por uma das adversárias, foi ‘obrigada’ a abrandar e chocou com o obstáculo da vala! Ficou bastante para trás recuperou, mas nas duas últimas voltas já não conseguiu reagir à mudança de ritmo e terminou na sexta posição, com 9m53s34”. “Foi ingrato, pois entrei em pânico, mas depois acalmei e pensei em dar o máximo. Consegui reagir e sabia que quando elas mudassem de ritmo era difícil seguir com elas, especialmente porque também fiquei ali sozinha”, afirmou, apesar de tudo satisfeita por ter dado o máximo de pontos para Portugal.
Marta Trovoada foi a nossa representante no lançamento do dardo. Regressada à competição há pouco tempo, depois de longa ausência por lesão, a portuguesa alcançou os 43,95 metros e fechou na 16.ª posição. “Sentia que podia ter feito melhor, mas não consegui. No terceiro lançamento já estava a começar a chegar aos melhores sentimentos, mas já não dava para lançar mais vezes”, afirmou.
Natacha Candé terminou na 15ª posição, com 1,75 metros, no salto em altura. A atleta sub-20 afirmou estar “muito feliz. Foi uma experiência tremenda, esta minha estreia. Dei o meu melhor”, disse a atleta no final.
A última prova do programa não foi boa para Portugal. Já com certeza de continuar no top-8 europeu, a estafeta mista sofreu bastantes. Com Ericsson Tavares no primeiro percurso, Fatoumata Diallo entrou no segundo percurso com determinação, mas um toque numa adversária fez cair o testemunho, ela parou para o apanhar e perdeu ali vários segundos. Omar Elkhatib tentou chegar mais à frente, entregou o testemunho a Carina Vanessa Pereira na penúltima posição e por ali foi ficando Portugal, sem hipótese de perder a sua classificação. No final, a notícia da desclassificação da equipa por pisar a linha no primeiro percurso.
Mas Portugal estava em oitavo, mantendo as suas duas classificações anteriores na elite europeia, bem longe da descida, que ficou para a Ucrânia, Finlândia e Lituânia.
Fonte: Federação Portuguesa de Atletismo