O Presidente da Confederação do Desporto de Portugal, Daniel Monteiro, acompanhado pelo Secretário-Geral, Carlos Dias Ferreira, marcou presença na sessão de abertura do Portugal Football Summit; assistiu ao painel “Governar o Jogo: A Liderança nas Federações Desportivas”, que contou com as intervenções de Miguel Laranjeiro (Federação de Andebol de Portugal), Vicente Araújo (Federação Portuguesa de Voleibol), Manuel Fernandes (Federação Portuguesa de Basquetebol) e Luís Sénica (Federação Portuguesa de Patinagem); e participou numa conversa One-on-One, moderada por Miguel Dias, jornalista do Observador.

O evento, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol, reuniu as principais figuras do futebol nacional e internacional, num encontro que destacou a importância do talento, da inovação e do impacto social da modalidade na identidade coletiva do país.
A presença da Confederação do Desporto de Portugal neste momento de debate e reflexão, sublinha o seu papel enquanto entidade agregadora do movimento associativo desportivo, promotora do diálogo entre federações, clubes e poder público.
Na sua intervenção, Daniel Monteiro destacou a importância de valorizar o mérito desportivo e, simultaneamente, de refletir sobre os desafios estruturais que o setor enfrenta, nomeadamente no que diz respeito ao financiamento público, à sustentabilidade e ao acesso equitativo à prática desportiva.
O Presidente da Confederação do Desporto de Portugal alertou ainda para a necessidade de clarificar as verbas destinadas ao Desporto no Orçamento de Estado, que em 2026 surgem agregadas às da Juventude, sob um valor global de 155 milhões de euros.
“Já contactámos o gabinete da Senhora Ministra e aguardamos, na discussão da especialidade do Orçamento, que sejam apresentados os valores rubrica a rubrica, de forma a esclarecer com que recursos públicos o Desporto federado e o desenvolvimento das modalidades podem contar para 2026”, referiu.
O dirigente defendeu que o financiamento público ao Desporto, sob gestão do IPDJ, deve ser reforçado, de modo a permitir “definir novos critérios de financiamento, que ofereçam previsibilidade e mais ambição para o desenvolvimento das modalidades e das federações desportivas”.
Daniel Monteiro destacou igualmente as dificuldades crescentes no acesso à prática desportiva, apontando que “em Portugal, o Desporto é caro: um agregado familiar com dois ordenados mínimos tem de gastar cerca de 10% do rendimento para que um filho pratique Desporto”, alertando ainda que “o Desporto português tem perdido poder de compra”.
“Nunca teremos um Desporto desenvolvido se o Estado não assumir a sua responsabilidade constitucional. É necessário investir da base ao topo da pirâmide, fortalecer os clubes e as federações e criar condições para que crianças e jovens possam praticar Desporto com regularidade e segurança”, reforçou.

O Presidente da CDP destacou ainda que “os três maiores clubes portugueses investem mais nas modalidades do que o Estado investe em todo o Desporto nacional”, defendendo uma estratégia pública mais robusta e equilibrada que permita o desenvolvimento sustentado do sistema desportivo.
Na parte final da sua intervenção, Daniel Monteiro recordou que “as federações desportivas deram recentemente um exemplo de coesão e solidariedade, ao aprovarem, em Cimeira de Presidentes das Federações Desportivas, uma proposta de redistribuição do imposto sobre as apostas desportivas online”.
“As federações que já beneficiavam destas receitas abdicaram do crescimento proposto, para que outras federações possam aceder a um fundo de desenvolvimento desportivo, demonstrando sentido de responsabilidade coletiva e compromisso com o equilíbrio do setor”, destacou.
Abordando as questões fiscais e os incentivos ao investimento privado no Desporto, Daniel Monteiro defendeu que “é fundamental criar mecanismos fiscais mais atrativos para as Empresas investirem setor, para além de ser necessário tornar dedutíveis as despesas com a prática desportiva federada às famílias em sede de IRS”.
“Vamos apresentar uma proposta com impacto direto nas empresas, nas famílias, nos clubes e nas federações, promovendo condições mais justas para o desenvolvimento do Desporto nacional”, acrescentou.
O Presidente da CDP sublinhou ainda a importância de renovação no dirigismo desportivo, acrescentando que “o Estatuto do Dirigente Associativo deve ser revisto, para incentivar à entrada de mais dirigentes, com novas visões e competências”.
“A nível global, temos um Desporto mais desenvolvido, mais científico, mais qualificado e mais exigente. Todos os pormenores contam, sobretudo no alto rendimento. O Desporto português tem de estar também à altura deste desafio, se quiser ser ainda mais competitivo”, concluiu Daniel Monteiro.
Com esta participação, a Confederação do Desporto de Portugal reafirma o seu papel de voz ativa e unificadora do movimento desportivo nacional, defendendo uma visão de futuro baseada na transparência, no reforço do investimento público, na sustentabilidade e na valorização das pessoas que fazem o Desporto acontecer.